segunda-feira, 30 de abril de 2012

Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconseqüente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcalóide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar — Lá sou amigo do rei — Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada. Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986

quarta-feira, 25 de abril de 2012

SOBRE O AMOR, ROSAS E ESPINHOS...

Amor que é amor dura a vida inteira. Se não durou é porque nunca foi amor.
O amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até às traições. Sem perdão não há amor. Diga-me quem você mais perdoou na vida, e eu então saberei dizer quem você mais amou. O amor é equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado, e mesmo assim você olha nos olhos dele e diz: "Mesmo fazendo tudo errado eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto." O amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração que sozinhos jamais poderíamos enxergar. O poeta soube traduzir bem quando disse: "Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão. Se eu não te amasse tanto assim talvez não visse flores por onde eu vi, dentro do meu coração!" Bonito isso. Enxergar sonhos que antes eu não saberia ver sozinho. Enxergar só porque o outro me emprestou os olhos , socorreu-me em minha cegueira. Eu possuia e não sabia. O outro me apontou, me deu a chave, me entregou a senha. Coisas que Jesus fazia o tempo todo. Apontava jardins secretos em aparentes desertos. Na aridez do coração de Madalena, Jesus encontrou orquídeas preciosas. Fez vê-las e chamou a atenção para a necessidade de cultivá-las. Fico pensando que evangelizar talvez seja isso: descobrir jardins em lugares que consideramos impróprios. Os jardineiros sabem disso. Amam as flores e por isso cuidam de cada detalhe, porque sabem que não há amor fora da experiência do cuidado. A cada dia, o jardineiro perdoa as suas roseiras. Sabe identificar que a ausência de flores não significa a morte absoluta, mas o repouso do preparo. Quem não souber viver o silêncio da preparação não terá o que florir depois... Precisamos aprender isso. Olhar para aquele que nos magoou, e descobrir que as roseiras não dão flores fora do tempo, nem tampouco fora do cultivo. Se não há flores, talvez seja porque ainda não tenha chegado a hora de florir. Cada roseira tem seu estatuto, suas regras... Se não há flores, talvez seja porque até então ninguém tenha dado a atenção necessária para o cultivo daquela roseira. A vida requer cuidado. Os amores também. Flores e espinhos são belezas que se dão juntas. Não queira uma só. Elas não sabem viver sozinhas... Quem quiser levar a rosa para sua vida, terá que saber que com ela vão inúmeros espinhos. Mas não se preocupe. A beleza da roza vale o incômodo dos espinhos... ou não. "Que Jesus seja sempre e em tudo seu apoio, seu consolo e sua vida!"

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Orgulho de ser Bombeiro

Vida de Bombeiro
Quando a multidão assustada desce correndo as escadas, um grupo inexplicavelmente corre no sentido contrário, são os bombeiros levando consigo a esperança, a força, a fibra, a honra e o amor. Além do peso dos equipamentos, uma história milenar é carregada em seus ombros, uma história feita de conquistas, de dignidade, de abnegação. Quando Deus parece ser a última solução, eis que surge aquele que talvez nada mais possa fazer, mas sua presença será vista na eternidade de quem precisou partir. É possível que em algumas vezes não parta sozinho, levará consigo aquele que estendeu a mão pela última vez. Mas o bombeiro continuará subindo vários degraus, mesmo depois que as escadas se acabarem, mesmo depois que o prédio estiver terminado, ainda assim haverá as escadas que os levarão ao merecido encontro de Deus. Não sabemos se voltamos...mas vamos...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Amor perfeito, so nos jardins

O único amor perfeito que conheci ao longo de minha vida foi nos jardins.
O outro amor perfeito só existe nos livros e nas histórias de fada.
O mito do amor romântico parece fortalecer nas culturas o desejo que o ser humano tem de encontrar no seu mundo exterior a solução para suas imperfeições.
O amor perfeito é sempre o amor impossível, o amor inacessível, o amor que não corresponde à realidade e que só se realiza nas obras de ficção.
No contexto da reflexão grega, a perfeição é colocada como fim a que se destina o movimento do artista.
A perfeição não é caminho, mas chegada.
Dessa forma, o conceito não favorece o movimento, mas, ao contrário, sugere lugar já alcançado, chegado.A partir do conceito grego de perfeição, nenhuma pessoa pode ser considerada perfeita, afinal, ninguém está pronto.
Essa verdade fere profundamente a expectativa de todos os que esperam encontrar pessoas perfeitas para estabelecer suas relações humanas.
Nós, que sentimos regularmente na carne as consequências de nossas imperfeições,e não temos outro jeito de sobreviver a elas senão assumindo o movimento da vida como oportunidades contínuas de superação e aperfeiçoamento, quando nos encontramos com os outros, precisamos considerar que eles estão vivendo o mesmo processo que nós.
Somos imperfeitos, mas não estamos condenados a ser vítimas de nossa imperfeição.
O outro também não está condenado a morrer com seus defeitos.
Dessa forma, num encontro de imperfeitos, nasce um desejo concreto de juntos lapidarem suas humanidades.
Mas nem sempre o que ocorre é isso.
É quase um movimento natural na vida humana a busca pelas pessoas perfeitas que venham suprir nossas imperfeições.
Inconscientes ou não vivemos uma busca desonesta de pessoas que correspondam às expectativas de nossas projeções e idealizações.
O que temos diante de nós é uma contradição da existência.
O mito nos retira do contato com a realidade.A partir dele, as pessoas passam a procurar realidades ideais.
E o conflito se estabelece ainda mais quando percebemos que pessoas que se sabem imperfeitas estão constantemente buscando pessoas e realidades perfeitas.Aqui está a força da inadequação.
As pessoas, no afã de encontrarem a pessoa ideal, a pessoa perfeita, começam a imaginar.
Olham, mas não vêm. Esbarram, mas não encontram, porque o encontro requer autenticidade.
É justamente aqui que nascem os sequestros.
É deste "não encontro" e deste "não ver" que as pessoas começam suas relações.Começam a projetar uma nas outras suas necessidades e lacunas.
Esses cativeiros se estabelecem a partir de pedidos de mudanças de comportamento, atitudes e até mesmo de mudança estéticas.
Desse encontro nasceram duas condições: sequestrados e sequestrador.
Consciente ou não, a pessoa parece inventar a outra.
E inventar é uma forma de estabelecer cativeiros, uma vez que a "disposição de si" fica ameaçada.
Fernando Pessoa nos fala desta realidade em alguns versos do poema "Tabacaria":

domingo, 8 de abril de 2012

A HISTÓRIA DO RIO AMARELO

Recebi um email que me fez pensar...

A pessoa me disse: "Meu amigo Taylan, você tinha tudo pra dar errado, mas não deu..."

Ela disse depois de ter me acompanhado em diversas entrevistas. Ela foi capaz de reunir as peças do quebra cabeça de minha vida e concluir o que concluiu.

Fiquei pensando no quanto ela tem razão. A vida nunca foi fácil pra mim. Nasci no limite e cresci nele. Nunca tive muitas oportunidades. Minha vida foi marcada pela Tristeza, pelas dificuldades e pelo sofrimento.

Mesmo assim eu insisti que poderia ser diferente. E o que me levava adiante era a minha teimosia em sonhar sempre.

Talvez seja por isso que hoje, no exercício do meu ministério, eu insista tanto em levar as pessoas ao cultivo dos sonhos. Sonhos que se abracem à realidade e que se realizem aos poucos, pela força de Deus, manifestada na força dos homens...

Vejo muitas pessoas que não estão dando certo...
Vejo muitas pessoas se desprenderem de suas verdadeiras essências...
Vejo muitas pessoas cultivando verdadeiros e grandiosos jardins de infelicidades. Pessoas que morrem sem chegarem à terra prometida.
Não gostaria que fosse assim.

Fiquei sabendo que na China há um rio chamado Rio Amarelo que morre antes de chegar ao mar...

Fiquei pensando que há pessoas que insistem em fazer o mesmo.

Não permita que sua história seja semelhante à desse rio...

Lute para chegar, lute para alcançar...

Já dizia o poeta catarinense, Lindolfo Bel: "Menor que meu sonho não posso ser!"

Assim seja...

Assim façamos.